A sala de aula como espaço de encontro: ética e amizade na prática pedagógica

Alonso Bezerra de Carvalho, Fabiola Colombani

Resumen


Neste trabalho, parte constitutiva de pesquisa recentemente concluída, debruço-me a examinar se a maneira em que são experimentadas as práticas pedagógicas contemporâneas responde ou diz alguma coisa aos alunos e professores, de forma que proporcione um ir além dos aspectos cognitivos e epistemológicas que predominam nestas práticas. Para tanto, tomo o tema da amizade como uma possibilidade que pode me ajudar a, pelo menos, contrabalançar e colocar em suspeita as atitudes tal como elas se realizam numa sala de aula, em direção ao reconhecimento do outro que, mesmo diferente de mim, pode ser um canal de diálogo e de boa convivência. Fazendo um retrospecto do conceito em Aristóteles, mostro que a amizade (philia) é mais que um desejo, é uma paixão, ou seja, uma tendência implantada na natureza humana e um movimento da alma que está inscrito em nosso aparelho psíquico e que não podemos deixar de sentir e experimentar. Por meio dessa paixão, pode brotar em nós o desejo de viver junto com o outro, o que traz como consequência a transformação da amizade em uma virtude importante na formação do homem de bom caráter. As implicações para o campo da educação são claras: criar um ambiente de amizade na sala de aula torna-se uma tarefa que alunos e professores podem colocar a si mesmos em suas relações cotidianas e em suas práticas educativas. E para que isto aconteça talvez seja necessário colocar a ética no horizonte de nossas práticas pedagógicas, pois ser professor e aluno não é apenas se dedicar à dimensão epistemológica. Somos éticos também. Ou seja, pensar a relação entre professor e aluno, na perspectiva da sala de aula, tomando o tema amizade como elemento provocador de reflexão e de novas posturas, pode colaborar na formulação de saídas significativas para a violência e os conflitos que habitam o ambiente escolar. Enfim, mais do que garantir um processo de subjetivação, devemos abrir caminhos para a “intersubjetivação” e penso que a amizade, nos termos aqui discutidos, pode contribuir para essa experiência. E com isso, talvez o encontro aconteça.

Palavras-chave: ética, amizade, sala de aula, prática pedagógica.



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Referencias


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