Cores, sons e maçãs: música-filosofia no diálogo com crianças

Vanise de Cássia de Araujo Dutra Gomes, Neila Ruiz Alfonzo

Resumen


Desejamos compartilhar as experiências de pensamento através de alguns diálogos filosóficos com crianças que temos realizado com a pesquisa de filosofia com criança através do projeto de extensão universitária intitulado Em Caxias a Filosofia en-caixa? A Escola Pública Aposta no Pensamento, desenvolvido na Escola Municipal Joaquim da Silva Peçanha em Duque de Caxias, RJ, como parte das atividades do grupo de pesquisa do qual participamos - PROPED/NEFI. Temos com o projeto a oportunidade de organizar experiências filosóficas com as crianças de turmas do Ensino Fundamental, a partir da ideia e do desafio de possibilitar uma experiência do pensamento no encontro entre música e filosofia. O projeto tem nos convidado a pesquisar a filosofia com crianças na escola pública, abrindo possibilidades de experimentar, pensar e ser de outras maneiras; bem como de compreender as ações e as transformações vividas pelos sujeitos praticantes do projeto dentro da escola.  Nesse sentido, destacamos a singularidade das práticas e a multiplicidade dos processos que tecem a experiência filosófica no contexto escolar, através da participação ativa, reflexiva, estética e sensível entre os sujeitos. Aqui destacamos uma sequência de encontros que nos forçam a pensar os diálogos filosóficos e a música na escola em seus planos próprios de criação e também de coexistência, compondo um rico tecido polifônico: “pensamento como heterogênese” (Deleuze; Guattari, 1997). Temos na “experiência” (Kohan, 2000) uma noção potente para realizarmos os encontros com as crianças, na medida em que nos abre para um movimento que é da ordem da intensidade; uma viagem sem destino certo, com riscos e perigos. Nesse movimento, muitas perguntas vão sendo tecidas no pulsar dos encontros com as crianças: o que faz com que uma experiência seja filosófica? O que faz com que uma experiência seja musical? Quais são as possíveis conexões entre essas experiências? Como a infância potencializa essas experiências? A qual escola estamos nos referindo quando pensamos a experiência do pensamento no encontro com a música-filosofia? Seria a escola proposta como skholé (tempo livre)? Dialogamos com Deleuze e Guattari, Kohan, Larrosa e Masschelein e Simons para pensarmos essas e outras perguntas. Dialogamos também com as crianças quando dizem das experiências que viveram nesses encontros. Somos como que viajantes nos caminhos que vamos compondo com as forças que nos atravessam. Utilizaremos como fonte de pesquisa transcrições de filmagens e gravações de áudio para resgatar os diálogos dos encontros que trazemos aqui.  Interessa-nos pensar o convite que as experiências filosófico-musicais com as crianças tem nos levado a habitar: lugares e tempos não vividos na escola até então, que nos apresentam modos diferentes de escutar e compor o mundo.

 

Palavras-chave: Filosofia, Música, Infância, Diálogo, Igualdade.



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Referencias


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