A Paideia platônica e o papel pedagógico da matemática
Resumen
Os currículos ocidentais tem na matemática um de seus elementos formativos centrais, tradição que remonta ao filósofo grego Platão, discípulo de Sócrates, que apesar de não ter desenvolvido teoremas matemáticos, possuí um papel importante na representação da aplicabilidade da matemática. Pela primeira vez na história em Platão a importância da matemática não se restringe ao seu potencial instrumental, ou seja, formar homens que utilizam o cálculo como meio para chegar a um fim concreto, mas em seu potencial formativo, tendo em vista a realização de um modelo antropológico. Na Paideia platônica a matemática é a grande ciência propedêutica, por aproximar o homem da realidade inteligível, o educa para guiar-se pela razão, e o prepara para o exercício da dialética, para a filosofia, quando esse homem poderá exercer a função de dirigente do Estado. A matemática aparece no Livro VII da República como o saber que possibilita uma espécie de conversão, possibilita ao homem “ascender” da realidade sensível e “ver” o inteligível, o que é representado metaforicamente na Alegoria da Caverna, a subida do prisioneiro em direção à luz simboliza a ascensão dele ao conhecimento, o que representa uma analogia ao processo educativo. Tal itinerário formativo implica na realização de um modelo racionalista de homem. Esse homem moderado, justo e racional deve ser o governante da pólis. A formação desse governante-filósofo é o fim da Paideia platônica, e as matemáticas (aritmética, geometria, estereometria, astronomia e harmonia) constituem uma etapa propedêutica essencial na formação que tem como objetivo abandonar a opinião, paixões e crenças, e chegar às ideias mesmas, à verdade e justa medida.
Palavras-chave: 1. Matemática; 2. Platão; 3. Filosofia da Educação.
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