O lugar da pesquisa na formação de alunos da licenciatura em Filosofia na UFG

Evandson Paiva Ferreira

Resumen


O tema da formação de professores nas licenciaturas básica é por si só um campo profícuo de debate e pesquisa, dado o desafio de preparar profissionais para trabalharem numa área cujas políticas públicas têm negligenciado sua importância política na constituição de um espaço público qualificado, vital numa sociedade democrática. No que tange à formação de professores de Filosofia, acrescenta-se o fato desta ter permanecido por duas décadas fora da matriz curricular da educação básica, empobrecendo a discussão sobre a formação do professor de Filosofia. O retorno desta disciplina ao ensino médio significou o renascimento de uma área de pesquisa que perdera espaço nas faculdades de Filosofia, permanecendo centradas na ideia da formação do pesquisador em Filosofia, negligenciando, portanto, a formação do professor de filosofia. O novo fôlego dado às licenciaturas ainda não conseguiu romper com a divisão entre a formação dos que pesquisam Filosofia e dos que ensinam, perpetuando uma hierarquia herdada de uma trajetória da academia que muitas vezes ficou de costas para o mundo da escola.  Neste trabalho, apresento a experiência desenvolvida no Estágio Curricular do curso de Filosofia (Fafil/UFG) no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae/UFG). O ponto essencial realizado em nossa proposta de estágio é a ruptura com essa cisão entre bacharéis e licenciandos. O aluno da licenciatura é também um pesquisador em Filosofia, de uma Filosofia acadêmica, mas cujo objeto é a formação escolar. Portanto, no estágio não se trata de aprender a fazer uma mera transposição da Filosofia aprendida na graduação e que será ensinada a alunos de nível médio. Primeiramente cada estagiário deve construir uma pergunta, pois ela o guiará ao longo do estágio, fazendo dessa experiência um objeto de pesquisa. Para que essa pesquisa ganhe um sentido mais pleno, o estagiário deve viver a escola-campo na sua integralidade, não sendo, portanto, um estágio na disciplina Filosofia, mas na escola, com seus projetos, suas práticas pedagógicas diversas e suas diferentes concepções políticas e epistemológicas. Somente após conhecer e interrogar todo o conjunto do processo de formação na educação básica é que ele chegará à sala de aula. Tendo conhecido toda a complexidade que compõe uma instituição escolar, o estagiário compreende que a sala de aula não é algo separado do todo e que o ensino da Filosofia implica numa concepção do que é educar, do que é uma escola. Enfim, o ensino da Filosofia implica uma Filosofia da Educação.

Palavras-chave: ensino, pesquisa, formação de professores, filosofia da educação.


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Referencias


CEPAE – Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação/UFG. Projeto de Estágio em Filosofia. Goiânia: UFG, 2008 (inédito).

FELÍCIO, Carmelita Brito de Freitas (Org.). Filosofia: entre o ensino e a pesquisa – ensaios de formação. Goiânia: Edições Ricochete, 2012.

PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Faculdade de Filosofia. Projetos de pesquisa no estágio I. Goiânia, 2016.


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