Os limites do ensino de filosofia como transmissão de conteúdos: uma problematização à luz da Filosofia Antiga

Augusto Rodrigues

Resumen


Quase dez anos após o seu retorno oficial e obrigatório à Educação Básica pública, a filosofia continua a ser uma disciplina muito questionada e de pouco consenso sobre sua participação formativa dentro do contexto escolar. Uma investigação centralizada nos limites e nas possibilidades do ensino de filosofia nas escolas, a partir de um projeto de iniciação a docência, PIBID/CAPES, permitiu-nos identificar que a filosofia na educação básica está demasiadamente concentrada nos aspectos lógicos, discursivos e argumentativos da tradição filosófica, o que exclui outras dimensões desta atividade. Ensinar e aprender situam-se numa dimensão representacional e abstrata de conhecimento, a partir da qual, ensinar significa transmitir as representações que o professor tem de determinado sistema filosófico, e aprender seria, consequentemente, assimilar e reproduzir identicamente o que foi transmitido. O objetivo final do ensino de filosofia na escola reside na aquisição de instrumentos e um arcabouço de argumentações dos filósofos que auxiliem os estudantes a resolverem os problemas contemporâneos. Pode-se dizer que os discursos filosóficos são transformados em fórmulas para se reproduzir quando se pretende pensar criticamente situações problemáticas. Diante desse cenário educacional, começamos a problematizar a efetividade da transmissão, assimilação e reprodução dos discursos filosóficos para a formação de indivíduos críticos, criativos e reflexivos que, de alguma maneira, filosofem. Por ser um ensino voltado para a reprodução e assimilação, os estudantes não encontram espaço para problematizar e ressignificar suas próprias vidas e o contexto em que vivem. Não obstante a capacidade de reprodução discursiva, os estudantes entram e saem das aulas de filosofia com os mesmos conjuntos de comportamentos e de atitudes. Assim, a filosofia que no inicio era considerada uma atividade voltada para a vida, para a sociedade, para o cuidado de si e dos outros, atualmente, não encontra espaço e nem possibilidade para tanto no âmbito escolar. Neste texto, pretendemos problematizar a configuração do ensino de filosofia no Ensino Médio e romper com o conceito de ensino e aprendizagem característicos a formação escolar. Para tanto, como interlocutores de pensamento, utilizaremos Rancière, Platão e Pierre Hadot.

Palavras-chave: Ensino de filosofia; Filosofia no Ensino Médio; Ensinar e Aprender filosofia; Filosofia como modo de vida; Filosofia Antiga.


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Referencias


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