Ressonâncias da amizade e a ética das virtudes aristotélicas: formação dos professores e as práticas pedagógicas

Mateus de Freitas Barreiro, Alonso Bezerra de Carvalho

Resumen


Este artigo visa trazer as contribuições do pensamento aristotélico acerca da amizade e o campo da “ética das virtudes”, para a sala de aula. Buscou-se evidenciar que diversos autores retomaram a filosofia prática de Aristóteles ao propor saídas significativas para a crise ética que se encontra na sociedade contemporânea, bem como no campo da educação. A proposta de desenvolver práticas pedagógicas para formar eticamente o aluno por meio do hábito de agir virtuosamente, tem o intuito de justamente cobrir a lacuna que o ensino de princípios gerais teóricos sobre a ética não obtém êxito, pois a incorporação da virtude moral advém da experiência empírica do aluno com a sua realidade. O maior desafio dessas práticas que trabalham a formação ética será o de elaborar práticas pedagógicas, que não dizem respeito apenas ao ensino dos conceitos do ponto de vista teórico, mas pensar como os alunos poderão incorporar a ética como modo de vida. Nesse sentido, a formação da virtude não é assimilada apenas por meio de contingências verbais racionais, pois a ética se concretiza, sobretudo, pelo hábito e pode ser desenvolvida por meio de reflexões sobre a experiência concreta vivenciada pelos alunos no cotidiano. Entende-se que a formação de professores deva estar vinculada à história de vida dos professores e dos alunos, e por isso, é um processo que está em constante construção, que supõe um embasamento téorico-prático que é vinculado à realidade de cada contexto específico da sala aula. Na educação brasileira a pesquisa e a maior investigação do conceito de amizade e da ética das virtudes em Aristóteles, constitui-se um campo fértil, visto que a crise ética na sala de aula envolve múltiplas causas psicológicas, sociais, culturais e de formação docente aquém das reais necessidades exigidas para uma educação plena, do ponto de vista da formação do homem. Atrelada a esse contexto, a educação brasileira convive com a desvalorização social do professor à perda do desejo de ensinar, ao déficit de compreensão da realidade educacional e social, em que está inserido, sendo imprescindível oferecer elementos formativos aos docentes para que possam reconstruir a relação professor-aluno.

Palavras-chaves: ética, virtude, educação, amizade.


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