Da heteronomia da disciplina à autonomia do livre uso da razão: a formação do cidadão justo
Resumen
As crises vivenciadas cotidianamente no mundo trazem à luz a necessidade de reflexão sobre a intrínseca relação entre o âmbito político e o ético. As demandas sociais por justiça mantêm uma ligação estreita com o caráter ético e moral das ações políticas. Não há como afastar ou desligar aspectos tão importantes para a possível fundamentação de um estado de justiça social, onde a ideia de um mundo mais justo esteja presente. A fim de provocar uma análise sobre esses aspectos, esta apresentação busca analisar, através do pensamento sobre a educação de Kant, a relação existente entre a noção de um ideal máximo do processo de aprendizagem moral e a necessidade do estabelecimento da disciplina, momento inicial do processo de educação em Kant. A finalidade moral do processo de educação encontra em procedimentos heterônomos de ação sua primeira condição de efetividade. E são justamente esses procedimentos heterônomos que mantém uma relação estreita de necessidade com procedimentos políticos. Não trataremos especificamente de política em seu caráter histórico, mas no sentido de forças que atuam como agentes coercitivos em um processo de educação. Nos textos em que trata, de alguma forma, sobre a questão da educação e da formação, Kant afirma ser necessário um caminho que desenvolva o bom uso da razão, e esse caminho não é natural e tampouco é um dom divino, mas antes é uma tarefa própria do homem. Essa proposta é a própria ideia de educação. E, se a educação e o esclarecimento perfazem o caminho necessário para o desenvolvimento da razão, então a análise do que seja a disciplina e como é mostrada por Kant enquanto primeiro e fundamental passo para a consecução de tal fim, se mostra necessária. A partir de uma abordagem sobre a ideia de disciplina buscaremos mostrar como a passagem de um princípio heterônomo é essencial para a possibilidade da autonomia.
Palavras-chave: formação ética; disciplina; autonomia; heteronomia.
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