Docência e estrangeiridade: modos de habitar a escola

Fabiana Fernandes Ribeiro Martins

Resumen


No presente artigo, visamos a pensar a escola a partir da perspectiva do professor como um estrangeiro. Para tanto, com Derrida e suas antinomias da hospitalidade, nos perguntamos o que pode um estrangeiro na escola e como criar, na instituição, novos modos de habitar a própria escola. Assumimos o pressuposto de que o estrangeiro faz surgir um paradoxo no seio da própria hospitalidade, porque, de direito, a hospitalidade é prescrita por normas, condutas e procedimentos, e é o que garante e viabiliza a abertura para aquele que chega, mas é também, mediante a lei, que a hospitalidade se apresenta como a impossibilidade de abertura para a alteridade. Vê-se, assim, a impossibilidade de haver uma hospitalidade absoluta. Há sempre, pois, um paradoxo na chegada do estrangeiro: ele é bem-vindo na medida em que se adapte às normas e aos padrões do ethos que se abre (condicionalmente) a ele. “Cego supervidente” (DERRIDA, 2003), capaz de colocar perguntas e forçar o pensamento a pensar (DELEUZE, 2010), o estrangeiro traz um paradoxo potente que nos incita a colocar em questão alguns elementos que constituem os paradigmas da instituição escolar, e neste presente artigo passamos, brevemente, por dois, a saber: o espaço e o tempo. Por fim, propormo-nos a tentar desenhar uma ideia de docência como um ato de criação de novos modos de habitar a instituição escolar.

Palavras-chave: escola; hospitalidade; estrangeiridade; docência


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