O lugar da experiência filosófica entre os saberes e práticas escolares: em busca do valor de uma tradição
Resumen
A discussão sobre a Experiência ganhou espaço nas diversas áreas do conhecimento − tornando-se objeto de estudos − adentrando, notadamente, no campo da educação. O filósofo e sociólogo alemão Walter Benjamin, foi um dos primeiros, em sua época, a diagnosticar que “as ações da experiência” estavam em baixa, e que tudo indicava que continuariam caindo até que seu valor desaparecesse de todo (BENJAMIN, 1985, p. 98). No entanto, a Experiência não desapareceu completamente, como acreditou Benjamin. Ela ainda existe, mas é preciso procurá-la e recuperar o seu valor. Assim sendo, as perguntas sobre onde encontrá-la e sobre qual é o seu lugar, tornam-se pertinentes. Uma primeira resposta, sugerida pelo filósofo italiano Giorgio Agamben, indica que é possível encontrá-la onde a “linguagem deveria, precisamente, assinalar o limite” (AGAMBEN, 2012, p. 58-62). Tal lugar é, para ele, aquilo que se encontra entre a distância que separa o humano e a linguagem, isto é: na Infância. Este texto trata da abordagem da Experiência como elemento fundamental ao exercício do pensar e como algo que dá sentido à educação. De acordo com os educadores Jorge Larrosa e Walter Kohan, educa-se para transformar o que se sabe, não para “transmitir o já sabido”. Assim, se alguma coisa anima a ação de educar é a “possibilidade de que esse ato de educação, essa experiência em gestos”, permita a libertação de certas verdades, de modo a “deixarmos de ser o que somos, para ser outra coisa para além do que vimos sendo” (LARROSA; KOHAN, 2011, p. 5). Portanto, o que se pretende, com este trabalho, é propor uma forma de intervenção pedagógica que possibilite experiências de pensamento no espaço-tempo escolar, em um contexto pedagógico no qual o discurso tecnológico vem se fortalecendo e conquistando espaços nos diversos setores da vida social. Desse modo, refletir sobre outras maneiras de pensar a práxis educacional é permitir que a Experiência irrompa. Assim, procura-se um novo lugar para a Experiências entre os saberes e práticas escolares, através, especialmente, de uma linguagem e de uma escuta poética. Entende-se que a recuperação do valor da Experiência como infância do ser humano seja a abertura para uma possível leitura do mundo e um habitar poeticamente a educação, desde as experiências de cada ser. Entretanto, isso não significa um retorno à infância cronológica, mas um eterno retorno à infância do pensamento.
Palavras-chave: Educação, Experiência, Infância, Poética, Tradição.
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PDFReferencias
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