A alteridade vertiginosa do Outro e a Hospitalidade como gesto possível da Educação: Desconstruções.
Resumen
O presente trabalho pretende retratar os sentidos e alcances da alteridade enquanto ponto irrevogável da educação. Essa alteridade reclama uma relação de hospitalidade, o que requer um distanciamento de toda objetivação e pontuação do poder. Há aí uma preocupação em se aproximar dessa outridade, em desenrolar-se entre a alteridade e a mesmidade, um eu-outro e um eu-mesmo no encontro desse gesto que é a educação. A inclusão, como mecanismo de um sistema de poder, resultou e ainda hoje resulta na certeza de garantir cada vez mais dominação, mesmo que isso custe a existência do outro. Analisamos assim, os discursos que sustentam a ideia de inclusão e formação escolar no tocante ao lugar que atribui à escola moderna que visa o progresso, o desenvolvimento, o futuro e a competitividade e onde está contida a hospitalidade necessária ao efetivo exercício escolar, o de atravessar aqueles que a hospedam, tocar-lhes profundamente. Entendemos que uma educação orientada para determinado e inquestionável fim, nesta ditadura da “inclusão” desapropria o estudante, o professor e a relação que se estabelece entre eles, de qualquer atravessamento, uma vez que retira aquela garantia primeira que a criação da escola se propôs a fazer: possibilitar a igualdade na medida em que constituiu o tempo livre. Por tempo livre, pontuamos como o “tempo do pensamento, estudo e exercício”, um tempo da diferença, sem destino, sem fim. A suspensão das apreensões sociais, econômicas, culturais, políticas e religiosas, é, sobretudo, característica pontual da escola de tempo livre, a skholé. Desta maneira, pensar uma escola em que o inusitado, a skholé aconteça, depende de um pensamento anterior, um pensamento da acolhida ao outro em sua total alteridade. Sendo a escola, o espaço do tempo livre, do acesso ao mundo, acolher ao que nela chega, requer uma hospitalidade. Consideramos assim a hospitalidade como a experiência de acolhimento do Outro que marca a convivência e a partilha de mundos comuns e perspectivas diferentes cruzadas na interioridade da escola para que o tempo livre retire o estudante da desigualdade pressuposta e possibilite o uso comum das coisas do mundo.
Palavras-chave: alteridade, hospitalidade, educação, skholé
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