Aprenderes desregrados e o ato de criação em sala de aula
Resumen
Entrar em sala de aula com um olhar de pedagoga que não quer pedagogizar as ações desenvolvidas pelo coletivo que compõem esse espaço. Quer afirmar todas as ações possíveis que suscitem criação. Quer enxergar nisso um interessante que vergue para o aprender. Quer perceber o ambiente e propor outras atuações. Como um cartógrafo filósofo que entra em ação para ser afetado nesse turbilhão de acontecimentos e pensa em proposições para o coletivo. Um cartógrafo que se envolve com a turma e percebe algumas rasuras que prejudicam o bom funcionamento escolar. Entra em cena para potencializar as dispersões, desvios, falta de atenção e os outros tipos de possíveis transtornos que lesam o funcionamento da ordem do aprendizado escolar e dar atenção justamente a esses transgressores da boa conduta que estão todo o tempo dentro das salas de aula. A menina que passa sete minutos fazendo, desfazendo e refazendo tranças no cabelo me interessa. Bilhetes que voam pela sala de aula me interessam. Olhares que vagam para um além me interessam. Desenhos nas margens do caderno me interessam. São esses estudantes que aparentam dispersão ao ensino escolar que dão subsídios a pesquisa e são com elas mesmas que desenvolvemos as propostas de oficina para potencializar essa dispersão e tentar, quem sabe, trazer esse acontecimento para um aprender que seja significativo ao estudante. A filosofia de Gilles Deleuze envolve o arcabouço teórico com os conceitos de aprendizagem e afeto. São os afetos que fazem o cartógrafo sentir as vibrações mínimas que acontecem no ambiente observado, mínimas não quer dizer poucas, quer dizer intensivo. As intensidades de cada movimento nos diversos alunos da sala são potentes para desenvolver ações para um aprender. Não se ensina a aprender, aprende-se por afetos, por interesses e paixões. É assim que o trabalho acontece, dar atenção aos mínimos detalhes e que esses mesmos possam dar pistas preciosas para inventar uma aprendizagem que não a escolar e sim um aprender através do afeto. Isso se faz como uma ação atual e emergente para pensar e problematizar o atual sistema de ensino escolar que por vezes parece precário em relação ao aprender criativo dos estudantes.
Palavras-chave: Deleuze, aprendizagem, escola, criação, oficinas.
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