Sloterdijk: antropotécncia e exercício
Resumen
Proposta que busca destacar os pressupostos e as implicações filosóficas e educacionais inerentes à reflexão sobre a técnica, bem como mostrar a importância da reflexão sobre a técnica para uma adequada compreensão, tanto da crítica quanto da defesa da tecnologia. Partindo de uma breve caracterização das antagônicas posições de Heidegger e Simondon sobre a técnica e a tecnologia, buscar-se-á preparar um amplo horizonte crítico para o estudo da obra de Peter Sloterdijk, e mostrar como este autor concebe as relações entre técnica, constituição do humano e exercício: para Sloterdijk, “Se ‘há’ o homem é somente porque uma técnica o produziu a partir da pré-humanidade”, com o que se adentra no polêmico domínio da autoprodução do humano, chame-se a isso de religião, educação, cultura ou engenharia genética. Sloterdijk o chama antropotécnica ou exercício. Exercício é “qualquer operação mediante a qual se obtém ou se melhora a qualificação daquele que atua para a seguinte execução da mesma operação, independente que se declare ou não a esta como exercício”. Apesar da generalidade da definição o que ela diz é bastante preciso, caso seja mostrado o foco crítico que a preside, mas que não aparece, a saber, que, segundo Sloterdijk, não é o trabalho, e a concretude que ele institui, ou a interação entre os humanos, ou ainda, a comunicação que são as ações essenciais do humano, e sim, o exercício, entendido precisamente do modo como acima exposto. Daí o autor sentenciar: “Quem falar da autoprodução do homem sem mencionar sua configuração na vida que se exercita errou o tema desde o princípio”. A partir destes problemas procurar-se-á reinstaurar o debate crítico do autor, profundamente inspirado em Nietzsche e Heidegger, com a tradição humanista que tratava de problemas similares a partir de um arcabouço conceitual já não mais eficaz: conceitos como liberdade, autodeterminação (pela razão) e responsabilidade não cabem mais a quem define a vida como exercício. Se ainda se pode falar de autodeterminação, contudo, o horizonte fixo das referências conceituais tradicionais desapareceu. E se o autor se refere aqueles conceitos tradicionais, o faz, contudo, a partir de um campo compreensivo completamente distinto. Tendo isso em vista, buscar-se-á apreender, nos dilemas inscritos no problema da antropotécnica e do exercício, a conexão intrínseca entre filosofia e educação, que faz com que o pensamento filosófico se configure como uma teoria da formação/constituição do humano. Exercício e antropotécnica serão, assim, novas noções, com novos significados, para novos problemas. Que são os nossos.
Palavras-chave: Sloterdijk. Antropotécnica. Exercício.
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PDFReferencias
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