Pensando a educação em chave decolonial: por uma virada epistêmica da filosofia da educação na América Latina.

Antônio Joaquim Severino

Resumen


Resumo:

Partindo da constatação de que a prática da Filosofia da Educação, no contexto latino-americano, ainda continua ocorrendo sob a marca de uma colonialidade simultaneamente política e epistêmica, o ensaio defende a exigência do exercício, por parte dos praticantes deste campo de conhecimento, da tomada de consciência dessa condição, de seu questionamento crítico e do investimento na sua superação, de modo a assegurar respaldo filosófico sólido e autêntico para uma educação intercultural efetivamente emancipadora. Para tanto, assume a argumentação de que o fim do colonialismo jurídico-administrativo das sociedades colonizadas, em geral, e das sociedades latino-americanas, em particular, não representou o fim da colonialidade, pois o modo do existir humano nessas sociedades continua pautado na lógica eurocêntrica, o que configura a permanência de uma condição de colonialidade não só do poder, mas também do ser e do saber. Assumindo como ferramentas de leitura e análise da cultura latino-americana, as categorias de pensamento desenvolvidas por pensadores do Grupo Colonialidade/Modernidade, explicita formas latentes de subalternização das expressões culturais locais, em decorrência da imposição dos padrões conceituais e valorativos gestados pela logosfera euro-ocidental, da desqualificação e do silenciamento das vozes das populações originárias que não conseguiram assim construir uma cultura com identidade própria. Conclui então que à crítica ao eurocentrismo cultural deve se seguir a implementação e o desenvolvimento de uma etno-epistemologia bem como uma prática educativa alicerçada numa postura de interculturalidade.

 

Palavras-chave: Decolonialidade, emancipação, interculturalidade, etno-epistemologia.

 

 

Resumen:   

Partiendo de la observación de que la práctica de la Filosofía de la Educación, en el contexto latinoamericano, aún continúa bajo la marca de una colonialidad a la vez política y epistémica, el ensayo defiende la demanda del ejercicio, por parte de los practicantes de este campo del saber, de conciencia de esta condición, su cuestionamiento crítico y inversión en su superación, a fin de asegurar un soporte filosófico sólido y auténtico para una educación intercultural efectivamente emancipadora. Por tanto, asume el argumento de que el fin del colonialismo jurídico-administrativo de las sociedades colonizadas, en general, y de las sociedades latinoamericanas, en particular, no representó el fin de la colonialidad, ya que la forma de existencia humana en estas sociedades sigue siendo basada en la lógica eurocéntrica, que configura la permanencia de una condición de colonialidad no solo del poder, sino también del ser y del saber. Tomando como herramientas de lectura y análisis de la cultura latinoamericana, las categorías de pensamiento desarrolladas por pensadores del Grupo Colonialidad / Modernidad, explicitan formas latentes de subalternización de las expresiones culturales locales, como resultado de la imposición de patrones conceptuales y evaluativos generados por logósfera euri-ocidental, de la descalificación y silenciamiento de las voces de las poblaciones originarias que no fueron capaces de construir su propia cultura. Concluye que la crítica del eurocentrismo cultural debe ir seguida de la implementación y desarrollo de una etno-epistemología, así como de una práctica educativa basada en una postura de interculturalidad.

 

Palabras clave: Descolonialidad, emancipación, interculturalidad, etno-epistemología.

 

 

Abstract:

Starting from the observation that the practice of Philosophy of Education, in the Latin American context, still continues under the mark of a simultaneously political and epistemic coloniality, the essay defends the demand for the exercise, by the practitioners of this field of knowledge, of awareness of this condition, its critical questioning and investment in overcoming it, in order to ensure solid and authentic philosophical support for an effectively emancipatory intercultural education. Therefore, it assumes the argument that the end of legal-administrative colonialism of colonized societies, in general, and of Latin American societies, in particular, did not represent the end of coloniality, since the way of human existence in these societies continues to be based on Eurocentric logic, which configures the permanence of a condition of coloniality not only of power, but also of being and knowledge. Taking as tools for reading and analyzing Latin American culture, the categories of thought developed by thinkers from the Coloniality/Modernity Group, reveal latent forms of subalternization of local cultural expressions, as a result of the imposition of conceptual and evaluative standards generated by the Euro-logosphere of the disqualification and silencing of the voices of the original populations who were not able to build their own culture. It then concludes that the critique of cultural Eurocentrism must be followed by the implementation and development of an ethno-epistemology as well as an educational practice based on a posture of interculturality.

 

Key words: Decoloniality, emancipation, interculturality, ethno-epistemology.


Texto completo:

PDF

Enlaces refback

  • No hay ningún enlace refback.