Desdobramentos do projeto moderno e a educação: o pensamento cartesiano, a primazia da técnica e a necessidade de um olhar crítico frente ao processo formativo

Danielle Regina do Amaral Cardoso, Renata Peres Barbosa

Resumen


O presente texto tem como objetivo problematizar e refletir sobre os desdobramentos do projeto da modernidade para a educação frente à primazia da técnica, a partir da retomada de alguns principais pressupostos de René Descartes. Para tanto, no primeiro momento, realizamos uma breve exposição acerca do pensamento de René Descartes, importante filósofo que fundamentou as bases filosóficas do pensamento moderno, com base em uma nova concepção de sujeito, a partir de uma estrutura legitimada pelo método analítico – o sujeito passa a entender-se como pensante, como aquele que pode determinar as coisas. Propusemo-nos postular alguns de seus principais conceitos, presentes nas obras o Discurso do método e Meditações metafísicas, ainda que brevemente. Em seguida, a discussão se volta para os desdobramentos do conhecimento científico na educação, ao considerar que o caráter adaptativo sobrepõe-se a crítica, a experiência, valendo-se das contribuições de autores da Teoria Crítica e de Hanna Arendt. Nosso intuito, ao introduzir o pensamento de Descartes, é compreender suas bases para refletir sobre seus reflexos na Modernidade e para a Educação, ao considerar que o caráter instrumental que se sobrepõe à experiência. Nos apoiamos no pressuposto de que, ao instigar o desejo de dominar a natureza, esquece-se da relação com a vida e com o próprio pensamento. E, nisso consiste o mérito da Teoria Crítica: pensar o sujeito como parte da sociedade, refletindo sobre suas relações com a natureza, buscando uma consciência de sua participação social e da objetividade que sobrepõe a esfera econômica. Somente por meio dessa consciência torna-se possível um pensamento autônomo e a vivência de experiências formativas.


Palavras-chave: Pensamento cartesiano, Razão instrumental, Teoria Crítica.



Texto completo:

PDF

Referencias


ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

ADORNO, Theodor Wiesengrund. Educação e Emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.

__________. Educação após Auschwitz. In: ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Tradução Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. P. 119-138.

__________. Minima moralia: reflexões a partir da vida danificada. Tradução de Luiz Eduardo Bica. 2. ed. São Paulo: Ática, 1993.

ADORNO, Theodor Wiesengrund; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro (RJ): Jorge Zahar; 1985.

DESCARTES, René. Discurso do Método. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova. Cultural, 1999.

DESCARTES, René. Meditações. 3.ed.São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores).

HORKHEIMER, Max. Meios e fins. In: HORKHEIMER, Max. O Eclipse da razão. São Paulo (SP): Centauro; 2002.

________________.Teoria tradicional e teoria crítica. In: ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Textos escolhidos. Tradução de Zeljko Loparic et al. São Paulo: Abril Cultural, 1989.

________________. Filosofia e Teoria Crítica. In: ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Textos escolhidos. Tradução de Zeljko Loparic et al. São Paulo: Nova Cultural, 1991. P. 69-75.

MARCUSE, Herbert. A noção de progresso à luz da psicanálise. In: MARCUSE, Herbert. Cultura e psicanálise. Paz e Terra: São Paulo, 2001, p. 112-139.


Enlaces refback

  • No hay ningún enlace refback.