A emergência do discurso da inclusão na biopolítica: uma problematização em busca de um olhar mais radical

Pedro Angelo Pagni

Resumen


A normalização é a linguagem do mundo atual, a identidade se constitui no princípio da lógica dos sujeitos que nele atuam e a ordem o signo tão propagado de seu progresso. Nesse contexto, os enunciados do discurso sobre a inclusão se formaram e se apresentaram em consonância com essa linguagem, se apoiando em sua lógica e em seu signo, ignorando todas as dissonâncias geradas pela experiência, pela diferença que a singulariza e pelo acontecimento que a significam. O propósito desta pesquisa é, ao recobrar a dispersão contida naquele discurso na configuração atual da biopolítica, problematizando-o e indicando outro olhar sobre a relação com os deficientes, nos contextos educacionais. Para tanto, recorro ao pensamento de Michel Foucault e analiso algumas pistas sobre a emergência dos discursos sobre a inclusão e as práticas ditas inclusivas na escola, particularmente, remetendo-me aos seus cursos Os anormais e Nascimento da biopolítica. Ao buscar outro olhar sobre o assunto, dessa forma, retrato a positividade da deficiência na escola e a apresento como um modo de diferenciação ética para, então, defender a necessidade de se passar do discurso sobre a inclusão a práticas em que a relação com o ser deficiente lance aos atores dessa instituição alguns desafios éticos e políticos comuns.  

Palavras chave: biopolítica;inclusão; deficiência; educação escolar.



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