Espaços de educação e vida coletiva: a escola da infância como tempo livre

Simone Berle

Resumen


O ensaio tematiza a educação infantil a partir de uma abordagem filosófica. Problematiza o movimento na Educação Infantil no Brasil que tende a fazer uma transposição do currículo do Ensino Fundamental, tornando-o um espaço meramente preparatório: a percepção de mundo é previamente dada. Apresenta dois pontos de apoio teórico: o primeiro diz respeito ao documento Práticas Cotidianas na Educação Infantil: Bases para a reflexão sobre as orientações curriculares (BRASIL, 2009) que contextualiza e discute a situação das ações pedagógicas da rede pública da educação infantil do Brasil; o segundo diz respeito a proposta de escola como tempo livre – skolé - dos filósofos belgas Jan Masschelein e Maarten Simons (2011; 2013).O interesse filosófico é promover abertura à discussão da educação de crianças pequenas em espaços coletivos não como algo a ser superado ou como um momento preparatório, mas enquanto aprendizagem de composição de um pensamento educacional. Com caráter de ensaio, essa escrita não deseja encontrar uma resposta para a educação, mas trazer elementos para pensar a Pedagogia com a Filosofia, a Filosofia com a Pedagogia. A partir de um mundo comum – de algo que já está ai e que pode ser compartilhado – a escola seria o tempo/espaço que proporciona o encontro com a possibilidade da “inventividade”. Para isso é preciso confiar na infância, pressupor uma imagem potente e afirmativa da infância, como outro, estrangeiro, ser que fala uma outra língua e não um ser menos, em desenvolvimento, com possibilidades, em outras palavras, um ser a futuro. Reivindica que as crianças tenham acesso a um espaço educativo que ofereça possibilidades de inventar um mundo, de experimentar-se no e com o mundo, que acolha a imprevisibilidade que emerge do viver.


Palavras-chave: infância, escola, tempo livre.


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Referencias


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