Formação humana de mulheres no agreste Pernambucano: o sentido do saber viver

Rosa Maria Farias Tenório, Alexandre Simão de Freitas

Resumen


Com base nas reflexões foucaultianas sobre os processos de subjetivação, compreendemos que a educação, enquanto formação humana, reporta-se não só ao ensino formal institucionalizado. A educação se define também pelos modos como os seres humanos articulam suas capacidades individuais e coletivas para construir o seu modo de viver. As histórias das três mulheres (na época das entrevistas uma com setenta e seis anos, outra com oitenta e quatro e outra com noventa e dois anos de idade) abordadas em nossa pesquisa configuram-se como memórias vivas do cotidiano e do tratamento dado às mulheres naquele contexto em que estavam inseridas, que era situado na zona rural do município de Brejão, no agreste do Estado de Pernambuco, em uma tessitura social marcada pelo coronelismo, patriarcalismo e machismo. Assim, o objetivo amplo do trabalho foi analisar indícios dos processos de subjetivação em narrativas produzidas por mulheres de Brejão, na década de 1950, período áureo de produção cafeeira na referida localidade, com vistas a uma compreensão dos processos de formação humana vivenciados fora do ambiente escolar. Procuramos problematizar a relação entre narrativas de si, gênero e cuidado de si como eixos analíticos dos processos formativos vivenciados pelas mulheres do município de Brejão, durante os anos 1950, fora dos ambientes escolares formais. A pesquisa fundamenta-se na interpelação filosófica foucaultiana do cuidado de si, procurando compreender a percepção das mulheres em relação às suas trajetórias de vida. A investigação mobilizou a metodologia das narrativas de si, tratando da formação humana fora dos âmbitos escolares e na perspectiva de gênero. O olhar das mulheres sobre sua própria história nos revelou uma tessitura em que suas ações travadas nas duras atividades do campo e conseguiram de algum modo ganhar asas e delinear com outras lentes uma história que permanece mal contada por insistir em colocar essas mulheres no campo da invisibilidade.


PALAVRAS CHAVE: formação humana; gênero; estética da existência



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Referencias


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