Ensaio de uma pedagogia da singularidade

Resumen

O interesse da comunicação é contribuir para pensar o que poderia ser chamado de uma pedagogia da singularidade. Para isso, ela consta de quatro seções e um adendo. A primeira seção consiste em uma caracterização bem sumária do modelo tradicional (escolar) de educação a partir dos conceitos de transmissão, de desigualdade e de controle, a fim de indicar em que medida a “universalidade abstrata” do saber constitutiva desse modelo não coaduna com uma educação que se quer democrática e emancipatória. A segunda seção parte da ideia (comum) de democracia como o “governo de todos” e passa pela compreensão do lugar do poder em um regime democrático como o lugar de todos e de ninguém (como lugar de qualquer um) para chegar à ideia de singularidade. A terceira seção faz uma breve descrição da singularidade como fundamento e sentido da democracia enquanto tal. A quarta seção procura extrair algumas consequências da ideia de singularidade para a educação, opondo simetricamente a comunidade à transmissão, a igualdade à desigualdade, o risco ao controle, a “universalidade concreta” do pensamento à “universalidade abstrata” do saber. Por fim, o adendo consiste em uma tentativa ou, antes, um esboço de aplicação de uma pedagogia (que se quer) da singularidade nos limites da sala de aula. Daí resultam três “didáticas”, ou melhor, na medida em que não se trata de técnicas, receitas prontas ou fórmulas de ensino, três propostas de relação com a (sala de) aula: a didática do exemplo, a didática da ausência e a didática do desejo.

Palavras-chave: democracia; singularidade; educação.