Desafios do filosofar: a prática da docência no ensino médio
Resumen
A discussão sobre a filosofia e seu ensino representa o tema central deste trabalho. A proposta desta comunicação é apresentar a filosofia no ensino médio, tendo em vista os depoimentos dos professores entrevistados e os variados aspectos/inquietações deste processo de filosofar. A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, desenvolvida em um período de 12 meses contemplando depoimentos de professores de escolas particulares e públicas da cidade Belo Horizonte-MG/Brasil e sua região metropolitana. Os sujeitos da pesquisa – cinco do sexo feminino e cinco do sexo masculino – têm entre 5 e 20 anos de docência. O intervalo estabelecido foi escolhido no intuito de perceber, a partir dos programas de ensino, o modo de ensinar, a escolha pela área de atuação e os problemas e desafios encontrados pelos professores no seu cotidiano profissional. Todos os sujeitos escolhidos são licenciados em filosofia. Essa escolha foi feita tendo em vista que a formação do profissional e sua preparação acadêmica apontam, de forma crítica, alguns dos problemas reais do ensino de filosofia. Além disso, a formação específica contribui para o pensar filosófico, constituído a partir de problemas/problematizações. No que se refere aos programas de ensino e aos livros didáticos adotados, os depoimentos dos participantes demonstram a tendência para a permanência de programas contemplando a história da filosofia e certos temas filosóficos dentro dela ou mesmo a escolha por temas de filosofia aleatórios. Os temas filosóficos são aqueles clássicos como: mito, ética, política, liberdade, linguagem, religião, sexualidade, entre outros. Os aleatórios geralmente estão relacionados a projetos interdisciplinares, como: aborto, drogas, diversidade, violência, educação, mídia, comunicação, entre outros. Com relação à controversa presença da filosofia no espaço escolar, os sujeitos assinalam, em seus depoimentos, a diferença da prática pedagógica do ensino de filosofia e as demais disciplinas e os desafios em relação aos estudantes, aos outros colegas de profissão e, principalmente, aos profissionais que administram a escola. Cada dado apresentado na pesquisa reforça que a participação da filosofia como disciplina escolar se inscreve no patamar das dúvidas, da inquietante certeza do não-saber. Deste modo, mesmo que se obtivesse um lugar definido, (pré) estabelecido para a disciplina, ainda assim as interrogações prevaleceriam sobre ela. Sendo a escola palco de mudanças e transformação, mantém-se, nesse espaço, a urgência de (re)construções contínuas. Os resultados apontados nesta pesquisa demonstram a necessidade do ato de filosofar no ensino médio e a diferença da prática pedagógica em relação às outras disciplinas. O desafio maior apontado pelos professores inscreve-se, portanto, no universo das formas através das quais a disciplina deve ser trabalhada na escola, de modo a desenvolver seu papel de colaboradora na formação crítica dos estudantes. Nessa perspectiva, o ensino de filosofia perpassa (e ultrapassa) as relações estabelecidas no processo ensino-aprendizagem, o que leva à percepção de que equacionar as questões relativas ao ensino de filosofia é, portanto, tarefa complexa e desafiadora.
Palavras-chave: Filosofia. Ensino de Filosofia. Ensino Médio. Prática Docente.
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