O lugar da filosofia na educação

Resumen

O texto pretende delinear brevemente a constituição de um campo de pesquisa em torno do ensino de filosofia no Brasil, destacando alguns marcos históricos recentes, e depois discutir dois pontos dentro desse tema. O primeiro ponto, abordado a partir da obra de Lidia Rodrigo, é a especificidade do trabalho do professor de ensino médio, que distingue esse trabalho daquele do pesquisador de filosofia, sem que essas duas atividades sejam totalmente excludentes. Pretende-se pensar essa especificidade, voltada para a produção de um saber didático, no contexto do ensino de filosofia, que pode ser caracterizado, de acordo com Silvio Gallo e Jacques Rancière, como a transmissão de uma ignorância, mais do que de um saber. O professor da educação básica, portanto, não é apenas o transmissor de um saber produzido pelos pesquisadores acadêmicos, mas é produtor de um saber específico. Paradoxalmente, esse saber se caracteriza pela ausência de saber, pela ignorância, ou pela abertura do espaço para a investigação. Temos assim o segundo ponto a desenvolver: essa característica paradoxal aproxima o ensino de filosofia da promoção da emancipação intelectual, que se dirige não apenas aos estudantes de filosofia, mas a estudantes e professores da educação básica como um todo. A abertura de um espaço de ignorância, ou de uma investigação coletiva, na escola, pode se mostrar frutífero não só para a formação de estudantes, mas também para a formação de professores. A presença da filosofia nas escolas, portanto, faz emergir a questão sobre o sentido da escola e da formação básica. Colocando as duas ideias anteriormente enunciadas em debate, pretende-se pensar sobre o lugar da filosofia na educação básica, entre a transmissão e a emancipação.

Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Transmissão; Emancipação.