Interdisciplinaridade nas ciências e na educação
Resumen
O artigo que se segue contempla a relação da Interdisciplinaridade com as Ciências e a Educação; discute sua função e o sentido nestas duas áreas de conhecimento; analisa as 3 (três) correntes de aplicabilidade da interdisciplinaridade: a francesa, a americana e a brasileira, e em que medida ela interage com o pensamento hermenêutico. A fundamentação teórica está embasada nos textos de Ivani Fazenda, Yves Lenoir, P. Delattre, Philippi Jr & Silva Neto, entre outros A linha temática adota intitula-se Interacción de la filosofia de la educación con problemáticas sociales. O texto foca as diferenças que circundam a forma de pensamento que norteia as ciências exatas e aqueles que estão voltados para a Educação cuja determinante sociocultural se faz mais intensa. Tais diferenças exigem tratamentos diversos para as duas áreas. Também está sendo focado em que medida a interdisciplinaridade se aplica tanto para as ciências como para a educação, qual sua função, seu sentido e sua utilidade nas duas áreas de conhecimento, já que na sociedade contemporânea é necessário verificar os avanços que foram oportunizados pela ciência tradicional e a tecnologia para o homem, a sociedade e a natureza, considerando seus resultados muito ambivalentes, ou seja, ao mesmo tempo que trazem benefícios, também provocam riscos. Com o processo de especialização do saber perpetuado pelo cientificismo, a interdisciplinaridade tem sido uma resposta benéfica para a excessiva compartimentalização do conhecimento. De certa forma ela veio para combater a fragmentação do conhecimento instaurada pelo positivismo, desenvolvendo para a ciência, novos saberes, novas formas de aproximação com a realidade social, novas leituras das dimensões socioculturais. Na Educação, entre outras possibilidades, ela pode contribuir para a implantação de novas finalidades na formação profissional e na atuação do professor, na remodelação curricular dos cursos tanto na educação básica como na Educação Superior, na constituição de novos ordenamentos educacionais e na integração das escolas com as comunidades circundantes. É importante considerar que o fortalecimento do pensamento interdisciplinar na produção do conhecimento foi fecundado pelos avanços realizados pelas próprias ciências naturais - a exemplo, a biologia e a física quântica, que, em determinado momento, manifestaram a importância da troca de conhecimentos, o que ensejou novas formas de pensamento. Tratando-se de um campo de conhecimento em construção, ela tem se constituindo no limiar de outras teorias que estão se desenvolvendo - Teoria Geral dos Sistemas, o Estruturalismo, a Cibernética, a Teoria da Complexidade de E. Morin, entre outras. No campo da pesquisa observa-se que a pesquisa disciplinar aborda as situações por meio da generalização construída no paradigma disciplinar, a pesquisa interdisciplinar estuda cada situação em sua singularidade e a forma como o pesquisador age na elaboração da pesquisa. A investigação interdisciplinar aplicada à Educação, diversamente dos procedimentos adotados na investigação de cunho disciplinar, não se norteia nos métodos, ela está muito mais voltada para analisar e discutir a prática pedagógica do docente. Na reflexão dessas práticas, ele busca a construção de um novo conhecimento, seja prático ou teórico. Para tanto, quatro diferentes tipos de competência devem embasar a ação interdisciplinar: a competência intuitiva, a intelectiva, a prática e a emocional. A intuitiva é própria do sujeito que vê além de seu tempo e espaço. Ela contempla alternativas novas e diferenciadas nos processos de análise. A competência intelectiva embute a reflexão continuada do professor pesquisador nos processos de análise. Ela pressupõe um indivíduo que está sempre a organizar, classificar e definir as ações pesquisadas. A competência prática é aquela que se destina a organizar o espaço e o tempo destinado para conclusão das tarefas. A emocional trabalha com o conhecimento a partir de um autoconhecimento, ela auxilia os indivíduos a organizarem suas emoções.Esta forma de agir leva a uma construção diferenciada de conhecimento, exigindo do docente pesquisador um envolvimento profundo com o seu trabalho, um engajamento e um comprometimento que o conduzirá ao encontro de uma estética e uma ética própria, uma vez que agir e pesquisar são atividades correlatas presentes na vida de qualquer docente. O texto resume capitulo da tese de pós-doutoramento da autora intitulada: LIMA. S.R.A. Música, educação e interdisciplinaridade: uma tríade em construção. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2016
Palavras chave: interdisciplinaridade, ciências, educação, hermenêutica, pesquisa.
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