O estrangeiro, o estranho e a questão da alteridade: por novas possibilidades de traduções do outro

Rafael Bianchi Silva, Dandara Peraro de Sousa

Resumen


Relacionar-se com o outro é um dos temas centrais discutidos por diferentes campos do conhecimento no contexto da contemporaneidade, em especial, recentemente pela ampliação dos desafios relativos às situações de refúgios e asilo pela vivência de situações como guerras, condições sócio-econômicas, etc. O presente trabalho como objetivo discutir a questão a partir do par leitura-tradução tendo como referência autores como Gilles Deleuze e Jacques Derrida. Inicialmente, é realizado um debate acerca do conceito de estrangeiro relacionando-o com a dimensão subjetiva. Em seguida, aprofunda-se na discussão sobre a alteridade, entendida enquanto modo de relação e conhecimento do outro em sua diferença. Indicamos que tal modo relacional não envolve apenas concepções, mas principalmente afetos, provocados/gerados nos encontros. Porém, a leitura não pode ser entendida a partir de uma lógica de identidade, na qual, o seu resultado equivaleria ao referente. Assim, mais do que uma cópia, o outro passa por um processo de tradução: de uma língua a outra, adentramos em um campo desconhecido e buscamos decodificar a estranheza da diferença que resiste a transcrição, gerando a necessidade da invenção de outras formas de expressão.  Como resultado, tem-se uma nova escrita que oferece ao tradutor (e ao traduzido) diferentes leituras do mundo, ao mesmo tempo, em que favorece a desconstrução de imagens (eu), potencializando ações singulares e modos diferenciais de conceber e perceber a de si mesmo. Em tal direção, fomentar um debate sobre novas possibilidades de tradução do estrangeiro ao invés de fechar o campo discursivo, permite a abertura à novas possibilidades de compreensão e significação do outro favorecendo e criativa que possa quebrar preconceitos e precondições de violências.

Palavras-chaves: Alteridade, Educação, Tradução, Linguagem, Estrangeiro.


Texto completo:

PDF

Referencias


BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2007.

BAUMAN, Z. Amor líquido. Rio de Janeiro: Editora Zahar,2004.

BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade. (Versão ebook). Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2009.

BAUMAN, Z. Estrangeiros a nossa porta. Rio de Janeiro: Editora Zahar,2017.

BÓGEA, D. Derrida: aporias da subjetividade. Principios, Natal, v. 21, p. 153-176, 2014.

CASTELO BRANCO, F.O. Minha língua do outro : desconstrução e comunicação. In: CARVALHO, M.; FORNAZARI, K; HADDOCK-LOBO, R. (orgs). Filosofia da Diferença. p. 274-285. São Paulo: ANPOF, 2015.

CRAIA, E. C. P. Deleuze e a ontologia: o ser e a diferença.. In: ORLANDI,

L.B.L. (Org.). A Diferença. p. 55-91.Campinas: Editora Unicamp, 2005.

DELEUZE, G. Critica e Clínica. São Paulo: Editora 34, 2011.

_________. Cursos sobre Spinoza (Vincennes 1978-1981). Fortaleza: EdUECE, 2012.

DERRIDA, J. A Escritura e a Diferença. Rio de Janeiro: Perspectiva, 1995.

DUQUE-ESTRADA, P.C. Desconstrução e Ética: ecos de Jacques Derrida. São Paulo: Loyola; PUC-Rio, 2004.

FARBRI,M. Entre hospes e hostis: hospitalidade como resposta ao estrangeiro. Thaumazein, Santa Maria, n.12, p.104-116, dez.2013.

FERREIRA, A.B.H. Mini Aurélio. 7.ed. Curitiba: Positivo, 2008.

HADDOCK-LOBO, R. Derrida e o Labirinto de Inscrições. Porto Alegre/RS: Zouk, 2008.

HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

KASTRUP, V; PASSOS, E. Cartografar é traçar um plano comum. Fractal - Revista de Psicologia. Rio de Janeiro , v.25, n.2, p.263-280, 2013.

KRISTEVA, J. Tocata e fuga para o estrangeiro. In:______. Estrangeiros para nós mesmos. p.9-46. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1994.

LAVALLE, A.G. Cidadania, igualdade e diferença. Lua Nova, São Paulo, n. 59, p.75-94, 2003.

MANSANO, S.R.V. Sorria, você está sendo controlado: Resistência e poder na sociedade de controle. São Paulo: Summus, 2009.

NASCIMENTO, E. Após Derrida: a amizade filosófica. ALEA, Rio de Janeiro, v.17/1, p. 64-77, jan./jun., 2015.

OTTONI, P.R. A Tradução é desde sempre resistência: Reflexões sobre Teoria e História da Tradução. Alfa (ILCSE/UNESP), v. 41, p. 159-168, 1997.

_________. Tradução Manifesta: double blind & acontecimendo. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Edusp, 2005.

SALANSKIS, J.M. Derrida. São Paulo: Estação Liberdade, 2015.

SANTOS, O.A.N. Os estudos de tradução e Jacques Derrida: afinal, “o que é a desconstrução”? Tradução e Comunicação: Revista Brasileira dos Tradutores, n.20, p.105-112, 2010.

SILVA, D. A. Uma proposta de leitura do lugar do estrangeiro em Uma margem distante. Travessias (UNIOESTE. Online), v. 5, p. 402-501, 2011.

SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: Tomaz Tadeu da Silva. (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. (Versão ebook). Petrópolis: Vozes, 2000.

SILVA, Rafael Bianchi; CARVALHO, A. B. A Questão da Diferença na Sociedade Contemporânea: Reflexões a partir de Zygmunt Bauman. Cadernos Zygmunt Bauman, v. 4, p. 20, 2014.


Enlaces refback

  • No hay ningún enlace refback.