La filosofía política de la educatión, o perspectiva filosófica de las política educativas
Resumen
Este trabalho propõe pensar a escrita do autor Jacques Rancière a partir de sua própria concepção desta como operação que não apenas diz algo sobre as coisas, mas que realiza algo sobre aquilo mesmo que diz. Pretende-se pensar como ocasião para a compreensão dessa escrita o estranhamento da experiência de leitura de alguns de seus textos, especialmente O mestre ignorante, no qual Rancière reconstroi o percurso de Joseph Jacotot em seu desenvolvimento da educação pautada pela razão emancipadora em oposição ao que denominava de razão embrutecedora. O estranhamento nos surge pois o modo com o qual o autor nos apresenta Jacotot e sua experiência parece-nos um tanto explicativa, sendo a ideia principal do livro a realização de uma crítica do método explicativo. Tendo isso em vista, tal livro será aqui tratado como uma espécie de falha ou desvio sensível em relação ao pensamento do autor, que daria a ver, ao mesmo tempo, a compreensão da materialdade do sensível da escrita e a ligação específica que estabelece entre estética e política. A partir de tal compreensão propomos pensar o livro em questão em uma metáfora com a percepção de uma fenda na parede pela personagem Emma Bovary, de Gustave Flauert, que modifica o caminhar da narrativa, fazendo surgir sua paixão por aquele que será seu amante. A percepção da paixão da personagem do livro do século XIX não é explicada ou colocada em uma ordem racional por essa percepção sensível, mas parece a ela estar conectada de maneira indissolúvel. Assim também ocorreria, segundo nossa hipótese, com o O mestre ignorante de Rancière. Tudo se passaria como se não pudessemos compreender o lugar que ocuparia a explicação sobre a emancipação no pensamento do autor, não haveria ordem racional possível para explicar tal falha. Mas, ao mesmo tempo, o pensamento do autor não poderia passar sem ela. Tal qual Emma, o pensamento de Rancière não pode ser explicado racionalmente a partir da explicação da emancipação, mas tão pouco pode prescindir dela. Tendo em vista a importância de uma ideia específica de emancipação em Rancière, que deve ser remetida ao livro que apresentamos como falha, propõ-se pensar a possibilidade do pensamento da emancipação dentro de um campo expandido do pensamento do autor, com o intuito de escapar das armadilhas de sua própria escrita. Permitidno, com isso, compreender as implicações da emancipação para os pesquisadores interessados no pensamento do autor.
PALAVRAS CHAVE: Jacques Rancière, escrita, emancipação, falha
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PDFReferencias
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