Currículo menor e devir professor: questões para pensar os processos formativos

Alexandra Garcia, Graça Regina Franco da Silva Reis

Resumen


O texto provém de pesquisas concluídas no campo dos Estudos do Cotidiano sobre o currículo, a formação de professores e os processos de produção de subjetividades por meio de diferentes interlocuções na produção ordinária de nossos modos de compreender e praticar a docência. Partimos da compreensão de que os contextos e nossos processos de produção de sentidos e modos de Ser-professor estão permanentemente enredando-se e diferindo (Derrida, 2001), em devir permanente. Os processos de formação são pensados como um emaranhado de subjetividades, práticas e políticas que os constituem cotidianamente. Temos por objetivo abordar o processo de produção discursiva de subjetividades e práticas que tecem discursivamente o Ser-professor. O que também aponta as intenções/contribuições de desinvisibilizar (SANTOS, 2004) práticas e discursos emancipatórios acontecendo nos currículos e experiências cotidianas da formação como a posição político-epistemológica-metodológica das pesquisas desenvolvidas. Assim, nas pesquisas realizamos análises documentais e de textos relacionados às políticas curriculares, bem como observações, entrevistas e estudos de outras “pistas” com base no campo dos Estudos do Cotidiano (OLIVEIRA e SGARBI, 2008). As pesquisas foram desenvolvidas com alunos de licenciaturas de duas universidades do estado do Rio de Janeiro e com professoras atuantes no magistério das séries iniciais do Ensino Fundamental no município do Rio de Janeiro. Como resultados as pesquisas evidenciaram os modos de ser, as táticas, as circunstâncias e as ocasiões (CERTEAU, 1994) utilizadas pelos sujeitos para definir quem são nas buscas de sentidos para a docência. Evidenciou, ainda, a compreensão dos processos de produção do Ser-professor no contexto de invenção de subjetividades, modos, práticas e sentidos de inventar a docência e se inventar professor. Apontamos essas invenções possíveis como o que traz a potência na formação de professores. Consideramos, assim, que esses processos são compatíveis com a ausência de precisão e unicidade, processos de hibridação, entendidos como culturais e dinâmicos. Tais estudos também permitiram reafirmar a compreensão dos currículos como cultura, no sentido em que são processos que ao mesmo tempo espelham, constituem e ressignificam os sentidos e os modos de “ser”, nesse caso da profissão docente. Tanto o currículo menor, quanto o devir professor que se inscreve nos processos formativos, articulam-se à tarefa de criar conceito tal como pensada por Deleuze e Guatarri (1992). Portanto, os resultados alcançados com a pesquisa levam ao desafio político de viabilizar e desinvisibilizar práticas que possam levar ao desencadeamento de processos de problematização que incorporem as invenções cotidianas em sua potência.


Palavras-chave: subjetividades. Práticas curriculares. Formação docente. Cotidianos



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