Uma reflexão sobre o autoritarismo e a violência na educação no Brasil: mitos e antecedentes

Maria de Fátima de Andrade Ferreira

Resumen


Discutir a violência como fundamento de um processo de combinações da complexidade das relações sociais na escola, buscando refletir sobre mitos e antecedentes deste fenômeno na educação brasileira, constitui-se no principal objetivo deste artigo. Para tanto, ressaltamos a diferença entre poder e autoridade, as marcas da sociedade colonial escravista e formas de discriminação social que atingem a escola e, de que modo essas questões constroem a relação professor-alunos nos espaços escolares. Procuramos entender os sentidos de violência, a complexidade e o seu caráter polissêmico e a escola e suas práticas de poder e autoritarismo. Utilizamos a pesquisa bibliográfica que contemplou concepções/definições de autores como Arendt (1994), Chauí (2000), Freitag (1986), Morais (2003), Freire (1996a, 1996b) e outros, promovendo um diálogo sobre as práticas autoritárias e verticalizadas e seus interesses ideológicos e racistas e, de que modo a memória de estruturas hierarquizadas e centralizadoras se reproduz nas práticas pedagógicas da escola. O imaginário brasileiro permanece profundamente marcado pelas ideologias, mitos e pelo poder das elites que legitimam suas normas, regras e cultura autoritária e discriminatória contra negros, índios, pobres, etc. A escola, nesse contexto, mantém códigos, normas e práticas pedagógicas fundadas na concepção racista, de valores tradicionais, controle de poder e repressão e tradição racista. Autoridade não é autoritarismo e as relações na escola exigem mudanças de concepções, atitudes e comportamento de seus diferentes segmentos e, inclusive entre professores e alunos na sala de aula. O espaço escolar deve tornar-se um lugar de ensinar e aprender a condição humana, aprofundando conhecimentos sobre processos socioculturais e buscar combater a violência.

 

Palavras-chave: Poder, Autoridade, Desigualdades, Violência na Escola.

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Referencias


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