Sobre a tarefa do “cultivo de si”: uma premissa para pensar a educação em Nietzsche

Jonas Faccin

Resumen


Este artigo tem por objetivo lançar uma hipótese acerca da tarefa do “cultivo de si” em Nietzsche como uma premissa fundamental para se pensar a educação enquanto processo formativo que permeia todas as atividades humanas. Em Nietzsche, a árdua tarefa do “cultivo” mantém uma intrínseca e necessária ligação com a noção de vivência (Erlebnis), tendo em consideração que o modo de atuação de uma vivência acontece no próprio cultivo do homem. Para Nietzsche, uma Erlebnis não pode ser tomada como um conceito, uma vez que este último pretende ser compreensível e universal. Distante de ser um conceito, uma Erlebnis é tomada como noção, escapando assim de ser vulgarizada, isto é, transformada em um mero conceito cuja função se resume em tornar as coisas mais bem compreensíveis. O próprio homem foi transformado em algo que necessita ser compreendido. Neste caso, o “cultivo” é enfraquecido, pois não é pretensão da moral do enfraquecimento fazer surgir um tipo de homem diferente deste que existe e impera há muito tempo, a saber, um tipo fraco, de rebanho, que não se arroga senhor de si, que não consegue atravessar por suas vivências e ser por elas escaldado, experienciado, a tal ponto que sinta em si aquele excesso de vivência. Assumir a tarefa do “cultivo de si” pressupõe uma disposição própria de quem possui uma elevada espiritualidade, isto é, aquele que ao atravessar por suas vivências deixa-se tocar por elas, pois, ao invés de desejar ser sempre o mesmo a fim de constituir para si um “caráter imutável”, age sob a perspectiva de uma fluidez dos sentidos, que se caracteriza como o modo próprio daquele que assume a tarefa ao “cultivo de si”.  


Palavras-chave: Cultivo, Vivência, Nuance, Educação



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Referencias


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