Contribuições nietzschianas para uma concepção artística de educação

Alexandre Ferreira de Mendonça

Resumen


Este trabalho tem por objetivo discutir as possíveis contribuições do pensamento de Nietzsche para a problematização de nossas práticas pedagógicas. Partindo de textos em que tal debate não aparece de um modo evidente – em especial Além do bem e do mal, Genealogia da moral e, principalmente, A gaia ciência – pretende-se levantar elementos tanto para a crítica ao que seria um modelo racionalista, idealista, e eminentemente teórico de educação quanto para se esboçar uma concepção artística de educação que se constitua em uma potente alternativa ao regime disciplinar vigente a partir da modernidade. Mais do que confirmar algumas das conclusões apresentadas por Nietzsche naqueles que ficaram conhecidos como seus escritos sobre educação, a genealogia das nossas práticas pedagógicas, de seus princípios e pressupostos, dos valores e saberes por elas colocados em jogo – genealogia que Nietzsche inspira embora não a realize – tende a levar ao aprofundamento, ao desenvolvimento e à melhor fundamentação da abordagem crítica que teria sido anunciada em seus primeiros escritos, fortalecendo a possibilidade de um questionamento radical do suposto valor positivo que tendemos a ingenuamente atribuir ao próprio ideal da educação na modernidade. O diagnóstico negativo sobre o regime de educação moderno ao qual a genealogia parece nos levar encontra seu revés afirmativo justo nas alternativas que a arte nos incita a pensar. Alternativas que se constituem a partir da possibilidade de valorização não só de saberes diferentes daqueles veiculados preferencialmente por nossas instituições de ensino, mas também de um outro modo de relação com a vida, calcado em uma perspectiva experimental, pela qual seríamos estimulados a assumir uma postura artística em relação à existência, a investir na criação de valores singulares, mais afinados com as nossas idiossincrasias, na criação de uma dieta de hábitos mais convenientes ao nosso fortalecimento e, por assim dizer, no esboço de processos de autoformação a serem permanentemente problematizados, reavaliados e reconfigurados.


Palavras-chave: educação, genealogia, arte, experimentação



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Referencias


NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Tradução de Paulo César Souza. São Paulo: Cia das letras, 2001.

____________________. Além do bem e do mal. Tradução de Paulo César Souza. São Paulo: Cia das letras, 1993.

____________________. Crepúsculo dos ídolos. Tradução de Paulo César Souza; São Paulo: Cia das letras, 2006.

____________________. Ecce homo. Tradução de Paulo César Souza. São Paulo: Cia das letras, 1995.

____________________. Escritos sobre educação. Tradução de Noéli Correia de Melo Sobrinho. São Paulo: Loyolla, 2003.

____________________. Genealogia da moral. Tradução de Paulo César Souza. São Paulo: Cia das letras, 2009.

____________________. Humano, demasiado humano. Tradução de Paulo César Souza. São Paulo: Cia das letras, 2000.

____________________. O nascimento da tragédia. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Cia das letras, 1992.


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